Eu tenho uma deficiência auditiva. Sou surdo em ambos os lados. E lido muito bem com isto.
Peguei uma meningite em 1973, em meu primeiro ano de vida.
De acordo com meus pais, foi em plena ditadura onde nāo se falava a realidade claramente. O governo à época encobriu totalmente o assunto colocando receitas de comida nos jornais.
Passei a oralizar e usar aparelhos a partir dos 4 anos.
Superei totalmente o assunto, não é tabu para mim, já me peguei vendo com curiosidade surdos, meio estranho isto.
Tenho várias histórias que aconteceram comigo, algumas colocarei aqui no futuro.
Dor de cabeça forte? Desligo e pronto. Reina a paz.
Hora de dormir? Meu sono é profundo e pesado com silencio que acredito que todos buscam.
Já tenho uma com as meninas: Dando de mamar para uma, as outras duas começaram a implorar por sua vez para comer, não tinha como.. E o choro não cessava… Solução? Simples. Desliguei os aparelhos e pronto! 😉
Tenho duas outras com meus filhos que gostaria de compartilhar:
A primeira foi quando o Deco com 3 anos, ao ver o aparelho na mesa questionou se ele um dia teria que usar. Achei incrível a percepção dele, curioso ao ver algo que o pai usa e se perguntando se ele também usaria. Expliquei que claro, não usaria pois tem uma audição boa. E não foi só ele, outras crianças pequenas já me questionaram isto, se eles teriam de usar.
Outra história que me recordo foi como Lipe: ele estava implorando por algo que eu tinha dito não mais de uma vez.
Simplesmente ignorei. E ponto.
Ele foi para a sala chorando e a Ló perguntou o que passou:
– O papai está me ignorando!
Ela, tentando acalmar:
– Lipe não acho que seu pai ia ignorar, talvez ele está sem aparelhos…
– Ele está sim me ignorando, pois eu vi ele que está usando o aparelho!!!
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Adorei o relato. Poder desligar em muitos momentos é realmente bom!!!!