Um pequeno menino com o cabelo castanho emaranhado e olhos azuis pintados, sentou-se em uma prateleira e olhou para fora uma janela em direção ao céu noturno. A extensão preta acima dele se estendia até onde todos os seus sonhos podiam alcançar. O menino puxou suas cordas de marionete e sentiu as cordas puxando a pele de madeira, segurando-o e impedindo a queda da prateleira que era a sua casa.
Embora tivesse se aventurado algumas vezes fora de casa, sempre foi com a ajuda de seu pai. O menino sentou-se na prateleira todas as noites por quase seis anos. Ele fingia andar sozinho, imitando o ato de caminhar por uma rua. Fingia fazer vários atos de independência mas sempre voltava atrás.
Mas esta noite era diferente. Sua plataforma era pequena demais para ele agora, e amanhã suas cordas serão cortadas.
Através de uma fresta na porta, seu pai assistia ao menino. Ele não estava pronto. Tudo até agora o que ele tinha sentido era fantasia e madeira – mas, agora uma infância mais verdadeiro começaria, com ou sem o pai para proteger sua pequena marionete do mal e dúvidas.
Apenas o menino podia acreditar que, como seu pai sempre sentiu, que ele era capaz de grandes coisas.
Mas esta é a vida de um artista. O show chega, as datas são definidas, e os ensaios terminam. É hora de remover as cordas.
Para que se aventurem antes da incandescência.
Tanto para o menino como para seu pai, era hora de se tornar real, e começar a vida que eles foram feitos para liderar.
Uma hora este dia chega. Nossos filhos se libertarão das amarras e partirão, no começo, devagar, após, resolutos em direção às próprias descobertas e vivências.
Somente nos resta, como pais, observar orgulhosos este novo mundo que eles desbravam.
Dedico este texto a todos os pais que estão vendo os seus filhos crescerem e buscando os próprios caminhos!