Sempre recebendo com carinho os textos enviados pelas minhas parceiras, me identifiquei com o texto a seguir, ficando a pergunta: Quem nunca passou por uma cena igual?
Segue o belo texto:
Ser pai ou mãe está para além da rotina. Está nas entrelinhas de uma rotina. Está na subjetividade dos fatos.
Uma breve cena que eu vivi com minha filha Noah.
Aos seus dois anos, estávamos, eu e ela, na farmácia. Enquanto eu escolhia, ela brincava ali ao meu lado com um shampoo de patinho.
Alguns minutos e pronto!
-Vamos embora?
Peguei o patinho, guardei na prateleira e pra minha surpresa, Noah jogada no chão aos berros.
Como psicóloga, na prática clinica, a todo instante lidamos com a transferência dos pacientes/clientes.
Sim! Nossos clientes debruçam suas próprias questões sobre nossos ombros quase como sendo nossas, as suas questões.
Um recurso (infantil)? Uma defesa? Uma possibilidade de diálogo se…..
Na prática clinica, a todo instante lidamos com a contra-transferência.
Agora o caminho é de nós profissionais para o nosso cliente!
Sim! Eles nos afetam, nos “acusam”, querem nos responsabilizar isentando-se dos seus conflitos.
Lidar com a contra transferência não é reagir à transferência, como as crianças fazem imediatamente ao pirulito negado, mas sim, receber aquilo que foi transferido, organizar e devolver ao dono de maneira que ele possa compreender e aguentar aquilo que não podia assumir como seu.
Sim! O tamanho de nós mesmos, independente de que lugar ocupamos, é a possibilidade de DIÁLOGO. É a possibilidade de sujeito e não objeto.
A transferência, quando instalada, pode ser terapêutica se e somente se o tamanho do alvo for suficientemente grande, acolhedor, maduro e souber do amor.
O filho, quando ali na sua vida, pode ser emocional e psiquicamente saudável se e somente se o tamanho do colo for suficiente, acolhedor, maduro e souber do amor.
Aqueles berros podiam ter tomado uma proporção e tanto na minha imagem de mãe. Podiam ser dragões alados incendiando a farmácia toda e queimando “a bela família feliz e seu patinho malvado”.
Respirei seus berros, busquei o patinho, retomamos o faz de conta criado pela pequena Noah e produzimos um fim e tchau legais pro patinho.
Ser pai ou mãe está para além da rotina. Está nas entrelinhas de uma rotina. Está na subjetividade dos fatos. Está em nós, se não transferirmos e continuaremos em nós se não contra-transferirmos.
Bj